Entre os dias 7 e 9 de junho, os moradores da aldeia Tekoha Ocoy, em São Miguel do Iguaçu, receberam a visita do professor Namastê Messerschmidt para a aplicação do Curso de Sistema Agroflorestal para comunidades indígenas. A formação, que também contou com a participação das comunidades Tekoha Añetete e Tekoha Itamarã, conta com o apoio da Itaipu Binacional, por meio do Programa de Sustentabilidade das Comunidades Indígenas.
A ação, promovida pelas lideranças indígenas do Ocoy e pelo Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), abordou os conceitos do sistema agroflorestal e contou com 28 participantes. A prática consiste nas formas de uso ou manejo da terra combinando espécies arbóreas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, de forma simultânea ou por intervalos de tempo. A técnica traz benefícios econômicos e ecológicos tanto à comunidade quanto para o meio ambiente.

Alunos do curso foram a campo em meio a metodologia “ao pé da planta”. Foto: Namastê Messerschmidt.
A formação foi conduzida pelo professor Namastê Messerschmidt, agricultor e consultor agroflorestal. Por meio de técnicas apresentadas em sala e aplicação das mesmas em campo, os participantes foram incentivados a trabalhar por meio de uma metodologia chamada de “ao pé da planta”, conta o professor.
“Falamos um pouco dos princípios do sistema, como a cobertura do solo, consórcios de espécies vegetais, estratificação e comercialização das plantas. Em seguida, fomos a campo para conferir essas técnicas, discutindo os plantios de vegetais e de árvores, enquanto estudamos o preparo e a química do solo”.

Técnicas de cultivo e plantio foram ministradas pelo professor Namastê Messerschmidt. Foto: Marlene Curtis.
O conteúdo do curso também incluiu temáticas como adubação, sucessão vegetativa no espaço e tempo, e planejamento da unidade de produção como um organismo agroflorestal. Os participantes também foram orientados a adotar práticas cotidianas de manejo de quintal, como a poda árvores nativas e exóticas, para enriquecê-las com frutas como banana, por exemplo.
Para o vice-cacique Luiz Martines, da aldeia Ocoy, a formação foi um momento único para adquirir conhecimentos e técnicas de reflorestamento. “Nos demos conta de que há como resgatar algumas áreas que temos aqui na comunidade, onde famílias muitas vezes já deixaram de utilizar por pensar que não havia mais como produzir ali”, afirmou. “Com esse sistema, percebemos que é possível, sim, recuperar este solo para produzir novamente sem problema. Basta levar todo o nosso aprendizado desses três dias à prática aqui no Ocoy. O professor nos ajudou muito a abrir nossa visão”, destacou.

Sistema é baseado nas formas de uso ou manejo da terra combinadas a espécies arbóreas. Foto: Namastê Messerschmidt.
Segundo Martines, a iniciativa foi positiva ao incentivar um movimento dos participantes em prol da comunidade, e espera que haja uma continuidade da ação. “Assim, as pessoas estarão sempre atentas e dispostas a aprender. A partir de agora, levarão essa prática para produzir dessa forma, principalmente as famílias e nós também como lideranças”, avaliou o vice-cacique.
Sobre o professor
Namastê Messerschmidt é agricultor e consultor agroflorestal. Atua na área há mais de 15 anos. É integrante da Simbiose Agroflorestal. Atualmente ministra cursos e presta consultorias em todo o País e também no exterior. Sua trajetória é marcada pelo aprendizado contínuo com o agricultor e pesquisador Ernst Gotsch.
O programa

Comunidade adotou as técnicas do curso para resgatar áreas consideras inférteis. Foto: Namastê Messerschmidt.
O projeto Sustentabilidade das Comunidades Indígenas é desenvolvido em parceria com as comunidades indígenas e outras instituições. As ações são destinadas à melhoria da infraestrutura das aldeias, fortalecimento cultural, estímulo à formação de parcerias, segurança alimentar nutricional, produção e comercialização do artesanato tradicional e o apoio à produção agropecuária, em especial à produção familiar tradicional e a produção coletiva cujo excedente é vendido para o Programa Aquisição de Alimentos do Governo Federal (PAA), Cooperativa Lar, Gebana, entre outros.
Assessoria/JIE