Uma série de atividades teóricas e práticas, coordenadas pelo pesquisador da Agência Espacial Norte-Americana (NASA), John t. Reager, encerraram o Workshop Internacional “Avaliação dos impactos na quantidade e qualidade da água subterrânea e sua mitigação”, realizado na última semana, no Parque Tecnológico Itaipu (PTI). O objetivo foi compartilhar tecnologias e metodologias que podem ser utilizadas na gestão sustentável dos recursos hídricos, especialmente o uso de imagens dos satélites GRACE-FO no processo de compreensão da dinâmica das águas subterrâneas.
Organizado pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI), por meio do Centro Internacional de Hidroinformática (CIH) e do Núcleo de Inteligência Territorial (NIT), em parceria com a Itaipu Binacional, o programa GRAPHIC da Unesco e o Centro Regional para la Gestion de Aguas Subterraneas America Latina y el Caribe (CeReGAS), o evento reuniu profissionais do Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Colômbia.
O cientista, que estuda o ciclo da água com foco em eventos hidrológicos extremos – como o aumento do nível do mar e recursos hídricos em geral, explicou a utilização dos satélites da NASA para entender as mudanças que o planeta vem sofrendo ao longo dos anos, sejam por questões naturais ou causadas por impactos das ações humanas e como os profissionais podem usar essa tecnologia em prol da conservação das águas:
“A gente uso os dados desses satélites para entender coisas sobre a Terra e como ela está mudando com o tempo como chuvas, ventos, tempo… para entender como vão mudar no futuro. Eu trouxe um software para entender coisas sobre a Terra e a ideia é ensinar os gerentes de água e de meio ambiente a usar essas informações na tomada de decisões e gerenciamento”.
O analista ambiental do PTI, Jefferson Silva, destacou que as ferramentas de modelagem e estimativa das águas superficiais já foram utilizadas por projetos desenvolvidos pelo CIH. Porém, a questão das águas subterrâneas é uma novidade.
“A utilização da ferramenta Grace é uma alternativa para tentar estimar como estão se comportando as águas subterrâneas. Aqui na nossa região isso é bastante importante porque, apesar de termos bastante água superficial, isso pode não se repetir no decorrer dos próximos anos. Então é importante também saber como estão se comportando as águas subterrâneas – se estão sobre algum tipo de estresse hídrico, se há alguns momentos em que tem menos ou mais variação nessa quantidade de água disponível. Então isso é importante até para tomar medidas futuras quanto à disponibilidade de água”.
Hidrosfera
Uma das iniciativas que será beneficiada com as tecnologias apresentadas é o Projeto Hidrosfera, desenvolvido em parceria entre o Parque Tecnológico Itaipu, Itaipu Binacional e a Universidade Federal do Paraná (UFPR), e tem como objetivo caracterizar o Sistema Aquífero Serra Geral buscando melhorar a compreensão da interação entre os recursos hídricos subterrâneos e superficiais na bacia do Rio Paraná (BP3).
O professor do Departamento de Geologia da UFPR e coordenador do projeto, Gustavo Athayde, explica que a ideia é entender o Aquífero sob a ótica de quantidade e qualidade físico-química das águas. Para isso, estão sendo monitorados quarenta poços para análises de qualidade da água e outros trinta poços para índices do nível do aquífero.
O coordenador destaca ainda a importância do Aquífero para o desenvolvimento social e econômico da região:
“O Aquífero Serra Geral é espetacular. A BP3 é a parte de melhor produção em todo território nacional, é onde os poços possuem maior vazão. Ele é fundamental no desenvolvimento social e econômico porque praticamente todos os municípios usam água desse aquífero para abastecimento e também as indústrias. Ele é fundamental, por exemplo, naquela região de Toledo onde as grandes empresas usam praticamente 100% água subterrânea”.