Em 2018, a Itaipu Binacional, o Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu e a Rede Nossa São Paulo promoveram o 2º Concurso de Boas Práticas – Iniciativas para Construção da Agenda 2030. Ao todo, 137 iniciativas foram inscritas e a Web Rádio Água aproveita para destacar algumas das selecionadas.
Nos últimos cinco anos, os catadores de materiais recicláveis de Santa Terezinha de Itaipu vivenciaram uma verdadeira transformação em suas vidas. Com o novo modelo de coleta seletiva implantado em 2014, as condições de trabalho foram aprimoradas e os ganhos mensais aumentaram de R$ 450 para R$ 1650 em média. Bom para os catadores bom para a limpeza da cidade e o meio ambiente.
Os trabalhadores não precisam mais encarar chuva e sol para empurrar os seus carrinhos pelas ruas. Eles atuam apenas no Centro de Triagem, onde recebem cerca de 120 toneladas de materiais por mês, volume recolhido com o auxílio de três caminhões da Prefeitura. Mais do que trabalho e renda, o novo sistema melhorou a autoestima dos catadores, e até despertou interesse de outras pessoas, conforme explica o Secretário Municipal Agropecuária e Meio Ambiente, Paulo Sergio Ruppenthal:
“Esses catadores no passado eram rejeitados. Eram pessoas vistas com maus olhos. Eram rejeitadas. Não tinha crédito nas lojas. Eram vistos como pessoas que não faziam parte do município. Hoje, com esse apoio que o município dá e com a evolução que eles tiveram na parte financeira, hoje eles conseguem ter uma vida mais confortável nas suas casas. Hoje tem mais de 300 currículos lá na Associação para pessoas que querem trabalhar lá”.
O sistema é simples, mas eficiente. Todos os moradores recebem, em suas casas, um kit com uma sacola ecológica e um calendário da coleta seletiva. Tudo é informado com amplitude pelos meios de comunicação, além de ações de Educação Ambiental promovidas nas escolas. O programa também ajudou na questão de saúde pública, já que ajudou a diminuir os registros de focos do mosquito Aedes aegypt, causador de doenças como a dengue e a febre chikungunya.
“Eram poucos catadores, em torno de vinte, que não conseguiam atender todo o município. E quando atendia, pegavam apenas o que interessava, como papelão e latinha. Isso acabava gerando um grande problema e um dos principais foi o grande índice de dengue. Em torno de 11% o índice do LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti) em 2013, em Santa Terezinha de Itaipu”.
O barracão da Acaresti é uma atração à parte. O espaço, que se tornou centro de capacitação técnica para os catadores, não deve em nada para as empresa mais modernas, e conta com instalações como refeitório, auditório e cozinha. No telhado, placas fotovoltaicas ajudam a transformar os raios solares em energia elétrica, reduzindo a conta de luz em até 90%. Os investimentos foram provenientes de um convênio com a Itaipu. Além disso, a água da chuva é captada e utilizada para a limpeza do local. Somente em 2018, mais de 700 pessoas conheceram a estrutura do centro, que serve como exemplo para outros municípios.
“A associação virou um centro de visitas, onde a Itaipu usa o nosso município como modelo de gestão de coleta e está trazendo todos os catadores e gestores dos 54 municípios da região Oeste para conhecer o nosso sistema. Os catadores conversam com os catadores. Se aqui em Santa Terezinha de Itaipu deu certo, pode dar certo em qualquer município.”
O trabalho da Acaresti já foi premiado por diversas instituições e órgãos governamentais e, hoje, é uma das referências do projeto Coleta Solidária da Itaipu Binacional. Em 2018, a iniciativa foi a grande vencedora do Prêmio MPT Cidade Pró-Catador Paraná, na categoria C, onde disputaram cidades de 20 a 50 mil habitantes.