O potencial eólico de uma região é medido por meio de um sistemático trabalho de coleta e análise de dados sobre a velocidade e o regime de ventos. Estas informações estão disponíveis em aeroportos, estações meteorológicas ou outras instituições.
Os ventos brasileiros apresentam ótimas características para a geração elétrica, com boa velocidade, baixa turbulência e boa uniformidade. Por isso, o País é dono de um dos maiores potenciais eólicos do planeta. Se a capacidade eólica instalada no Brasil já é equivalente a quase uma usina de Itaipu, o potencial é de cerca de 11 vezes isso: 143 GW. Esta é a estimativa do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro de 2001, porém como considerava apenas torres de até 50 metros, este número deve ser bem maior.
A constatação faz parte de um estudo do subprojeto Energias Renováveis do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-Clima), apoiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ênio Bueno Pereira, doutor e coordenador do Laboratório de Modelagem e Estudos de Recursos Renováveis de Energia (LABREN) do INPE, explica:
“Esse Atlas Eólico de 2001 foi feito com base em torres de geração com 50 metros de altura. Hoje em dia, essas torres já superam os 100 metros. Aí chegamos à conclusão que realmente houve um aumento de cerca de quatro vezes deste potencial no Nordeste e seis vezes no potencial nacional. As melhores regiões para exploração da energia eólica estão localizadas no Nordeste Brasileiro. Isso devido à uma circulação de ventos, conhecidas como ventos alísios. Esses foram os mesmos ventos que trouxeram as caravelas de Colombo e Cabral na época dos grandes descobrimentos. São ventos constantes, que sopram do Oceano para o Continente. São constantes de intensidade e direção. Esses mesmos ventos são aqueles apropriados para a geração elétrica pela tecnologia eólica”.
Outro quesito do Brasil que chama bastante a atenção é o chamado Fator de Capacidade (FC), que se refere à proporção entre a geração efetiva da usina em um intervalo de tempo e a capacidade total. O valor médio para 2017 foi de 42,9%, resultado superior à média global, que até 2016 era de 24,7%.
Falando em Energia Eólica, ouça também:
- Energia Eólica: os bons ventos da sustentabilidade
- Um pouco de história
- Catullo Branco: o grande percursor da energia eólica no Brasil
- Da Crise do Apagão ao Proinfa
- Capacidade instalada no mundo: salto de 2 GW para 539,5 GW em 27 anos
- No Brasil, preços competitivos e crescimento
- Potencial de 11 “Itaipus” (e pode ser bem maior)
- Ventos que movimentam a economia e geram emprego e renda
- Legislação e os mitos dos impactos ambientais
- Como é produzida?
- Conheça os componentes da Energia Eólica
- E o futuro da Energia Eólica?
Podcast: Play in new window | Download